Metade dos moradores de Viçosa já presenciou uso ou venda de drogas perto de casa, mostra pesquisa da UFV

 

Diagnóstico sobre uso de drogas e população de rua foi apresentado na Câmara

Em uma pesquisa recente realizada em Viçosa, 50% dos entrevistados afirmaram ter visto pessoas usando ou vendendo drogas nos últimos 12 meses. O número foi apresentado na Câmara Municipal durante a reunião dos vereadores desta segunda-feira (3) e faz parte de uma pesquisa do Departamento de Ciências Sociais da UFV.

A apresentação dos dados aconteceu em atendimento a um requerimento do vereador Sérgio Marota (PP), vice-presidente da Câmara, que solicitou um balanço das atividades do Conselho Municipal de Políticas sobre Drogas (COMAD) em 2024 e no primeiro semestre de 2025, além da divulgação do diagnóstico sobre pessoas em situação de rua.

A presidente do COMAD, Patrícia de Fátima Pinto, destacou que o conselho tem atuado para fortalecer a articulação da rede de atendimento em Viçosa, com foco na prevenção, tratamento e reinserção social de pessoas afetadas pelo uso de drogas. Ela relembrou que o órgão realizou audiências públicas, seminários, capacitações e reuniões com secretarias municipais e estaduais, além de garantir um assento de Viçosa no Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas de Minas Gerais.

Patrícia também ressaltou o esforço em desenvolver projetos integrados com as áreas de Saúde, Educação, Assistência Social e Esportes, bem como a elaboração do diagnóstico local sobre pessoas em situação de rua, pesquisa que embasou parte da fala do professor da UFV. “A proposta do Comad é trabalhar com base em conhecimento científico e diagnóstico, para traçar ações dentro da política pública do município. Estamos estruturando um trabalho sólido, que demanda tempo, mas já traz resultados concretos”, afirmou a presidente.

DIAGNÓSTICO

Além do uso recorrente de drogas ilícitas, o álcool continua sendo a substância mais consumida em Viçosa, e também a principal porta de entrada para outras drogas. O estudo foi apresentado pelo professor Antônio Carlos Miranda, do Departamento de Ciências Sociais da UFV, que coordenou a pesquisa em parceria com o professor Marcelo Ottoni Durante.

Antônio chamou atenção para a relação entre dependência química e criminalidade, afirmando que o problema é nacional e exige políticas públicas mais articuladas. “O que falta não é dinheiro nem programas, mas articulação entre os atores da rede. A gente não está resolvendo o problema, estamos apagando incêndios. E pelo menos ainda estamos apagando fogo”, disse.

O diagnóstico também revelou que, à época da pesquisa, 20 pessoas estavam em situação de rua e outras três viviam permanentemente nas ruas. Entre os fatores mais comuns que levaram a essa condição estão questões familiares, perda de emprego, dependência química e falta de esperança.

Miranda destacou que muitos entrevistados se sentem “invisíveis e sem valor”, sem acesso a documentos e sem apoio familiar.

Entre as recomendações apresentadas estão a criação de um sistema de gestão e coleta de dados sobre a população de rua, a definição clara de responsabilidades entre os órgãos da rede de apoio, e o fortalecimento do COMAD como órgão de monitoramento das ações municipais.

O vereador Sérgio encerrou o momento agradecendo ao conselho e à universidade pela parceria: “Vocês estão aqui acreditando no conselho, sem repasse financeiro, movidos pela vontade de fazer diferença. Isso mostra o compromisso com a dignidade e a cidadania da nossa população”. A apresentação completa está disponível no canal da Câmara no youtube.

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